117 Dias à Deriva

Neste Artigo: De Sonhada Aventura à Deriva no Mar e Temas Para Conversas com Familiares e Amigos

 

Sinopse   

O casal Maurice e Maralyn Bailey não esperavam que seu sonho de navegar da Inglaterra à Nova Zelândia fosse frustrado pela colisão com uma baleia em alto-mar. Como resultado, eles ficaram à deriva no Oceano Pacifico em um bote inflável, enfrentando tempestades, se alimentando de tartarugas e bebendo água da chuva por quase quatro meses.

Foto de Maurice e Maralyn ao embarcar para a viagem.
Foto de Maurice e Maralyn ao embarcar para a viagem.

Um Casal Focado no Projeto

Com um espírito explorador e aventureiro, Maurice e Maralyn Bailey tinham o desejo de fazer uma viagem de veleiro que partisse da Inglaterra e chegasse à Nova Zelândia passando pelo Panamá. Obstinados pelo projeto, eles não mediram esforços: venderam sua casa na cidade de Derby e se mudaram para Southampton. Lá iniciaram a construção do iate de 9,5 m adaptado como uma verdadeira moradia flutuante, com todos itens e acessórios necessários para viver confortavelmente durante a viagem. Apesar de não saber nadar, Maralyn abraçou o projeto de navegação com entusiasmo. Para a embarcação deram o nome de Auralyn.

O Início da Aventura

Partiram em junho de 1972 passando pela Espanha, Portugal, Madeira e Ilhas Canárias. O próximo ponto alcançado foi as Antilhas, após cruzar o Atlântico. Em fevereiro de 1973 fizeram uma pausa no Panamá para descansar e reabastecer antes de partir para Galápagos no fim do mês. Quando completamente abastecido, o barco tinha uma autonomia de 9 meses de navegação. A avaliação geral era que tudo estava indo muito bem. Maurice e Maralyn Bailey estavam muito felizes e seguros que alcançariam a Nova Zelândia no prazo planejado.

A baleia Cachalote (Physeter macrocephalus) foi o animal que danificou o veleiro de Maurice e Maralyn Bailey
A baleia Cachalote (Physeter macrocephalus) foi o animal que danificou o veleiro de Maurice e Maralyn Bailey

Uma Visita Inesperada

Já navegando há seis dias rumo a Galápagos eles estavam almoçando tranquilamente quando ouviram um estrondo seguido de uma explosão no casco da embarcação. Eles correram e viram uma grande baleia cachalote de 12 m batendo no barco com força. Via-se ferimentos na cabeça do animal devido às pancadas contra o veleiro. Também muito sangue podia ser visto na água. Em um primeiro momento, eles começaram a pensar em um modo de socorrer o animal, até ver o imenso buraco de 45 cm por 30 cm que ele tinha feito abaixo da linha da água. Muita água começou a inundar a parte de baixo do veleiro.

A reação instintiva foi tentar tapar o buraco com o que tinham em mãos, nesse caso, colchões e cobertores. Seu esforço levou 20 minutos e não deu resultado pois a água entrava muito forte e inundava rapidamente. Ao se verem incapazes de resolver o problema, lançaram um pequeno barco inflável, colocaram nele tudo que podiam levar entre alimentos e equipamentos. Depois disso, assistiram impotentes o seu veleiro afundar em apenas 30 minutos.

Trajeto do Auralyn até o naufragio.
Trajeto do Auralyn até o naufrágio.

Meses à Deriva

Dentro do pequeno bote tinha provisões enlatadas e água que durariam 20 dias de consumo racionado. Tinha também malas de roupas e kit de sobrevivência com lanterna, bússola e mapa, que ficavam numa pequena jangada conectada ao bote. O bote tinha uma cobertura contra o sol e chuva, mas não impedia o calor do dia e o frio da noite. Nos primeiros dias a alimentação se resumia a biscoitos pela manhã e amendoins no jantar. Concordaram em consumir 500 ml de água cada um, por dia.
Maurice avaliou que estavam a 480 km a leste de Galápagos e contava com a corrente marítima para os conduzir até lá. A partir daí começou um árduo revezamento para alcançar as ilhas a remo. Eles deveriam remar 16 km no sentido sul por dia para alcançar a mesma latitude das ilhas e assim a corrente faria o resto, levando-os à deriva.

Diagrama da disposiçao de Maurice e Maralyn no bote.
Diagrama da disposiçao de Maurice e Maralyn no bote à deriva. 1. Cobertores e roupas; 2. Livros; 3. Água potável; 4. Equipamentos de localização; 5. Comida enlatada; 6. Materiais de pesca e utensílios; 7. Gás butano e material de camping; 8. Recipiente para captar água da chuva.

Esforços

No primeiro dia remaram apenas 6 km para o sul e perceberam que a corrente os havia afastado 48 km para leste, ainda mais longe do objetivo. Com bolhas nas mãos e exaustos eles começaram a pensar em um plano B.
Ao redor viram várias tartarugas que nadavam bem perto do bote. Tomaram a decisão de remar com apenas um remo e usar o outro para afugentar os animais, pois temiam que seu bote fosse danificado. Foi nesse momento que verificaram que havia entrado água do mar nos galões de água potável. Isso os fez rearranjar o bote de tal forma que coletasse água da chuva para que bebessem.

Tentativa Frustrada

Semanas passaram até avistarem um barco há aproximadamente 4 km. Era a chance de serem resgatados. Maurice tirou os três sinalizadores. O primeiro falhou. Irritado, ele lançou os outros dois, mas os tripulantes do barco não viram e foram embora. Um pouco de frustração, mas ainda se animavam um ao outro.

O Tempo Passa Devagar Quando Se Está à Deriva…

Para comerem, além de pescar, eles capturavam as curiosas tartarugas que nadavam ao redor do bote. Uma delas deu uma quantidade enorme de ovos. Os dias pareciam longos e então eles improvisaram alguns passatempos como leitura de livros, jogos de cartas e dominó. Certa feita Maralyn amarrou algumas cordas finas à duas tartarugas para que elas os levassem a Galápagos. Como começaram a fazer círculos, logo desistiram da ideia. 
Nos meses seguintes eles viram algumas embarcações passando à distância de alguns quilômetros, mas eles não foram avistados. Depois de usar os últimos sinalizadores, Maurice chegou a embeber tecidos com querosene e queimá-los para que a fumaça fosse vista. No entanto, não teve sucesso e continuava à deriva. 

Maurice e Maralyn Bailey passaram 117 dias à deriva no oceano
Maurice e Maralyn Bailey passaram 117 dias à deriva no oceano

Imprevistos

Certo dia Maurice estava pescando mas o anzol escapou e perfurou o bote. Isso o fez rapidamente reparar o furo com o material que tinha em mãos, mas o reparo não ficou perfeito, vazando ar bem lentamente. Eles passaram então a bombear ar em revezamento a cada 30 minutos, senão o bote afundaria. Eles praticamente não dormiam e não tinham nenhuma previsão de resgate. Algum pouco tempo depois o casal se viu com forte tosse, fraqueza e feridas na pele devido a estarem frequentemente em contato com a água salgada e expostos a sol intenso. Maurice e Maralyn estavam exaustos, bem como extenuados fisicamente e tentando manter a moral diante de tantas circunstâncias adversas.

117° Dia 

No dia 30 de junho de 1973 logo cedo, Maralyn mal tinha iniciado seu ‘turno’ de ficar acordada durante uma hora quando viu a primeira embarcação depois de 42 dias. Prontamente ela acordou Maurice dizendo: “Acorde! Um barco está se aproximando.”.
O barco encontrava-se há aproximadamente 8 km. Maralyn fez muitos gestos tentando chamar a atenção, mas, como os outros sete navios anteriores, seguiu viagem.
Para a surpresa de Maurice e Maralyn, logo depois o navio fez uma volta e estava navegando rumo a eles.
O grande barco pesqueiro, que tinha inscrições em coreano, chegou bem próximo, lançaram cordas para içá-los e então perguntaram com sotaque asiático: “Vocês falam inglês?” “Somos ingleses!”, respondeu Maurice.

Resgate de Maurice e Maralyn pelo pesqueiro coreano.
Resgate de Maurice e Maralyn pelo pesqueiro coreano. Primeira refeiçao a bordo apos o resgate.Primeira refeição a bordo após o resgate.

Voltando Para Casa

Maurice e Maralyn foram resgatados após vagar 2400 km à deriva no Oceano Pacífico, se alimentando de peixes e tartarugas, bebendo água da chuva. Estavam doentes, cansados e fracos.
Em 13 de julho eles finalmente chegaram a Honolulu, em terra firme. O seu resgate já era notícia mundial. Eles ficaram uma semana sendo entrevistados por jornais e TVs de todo o mundo. Após descansarem por alguns dias, retornaram à Inglaterra.
Maurice e Maralyn Bailey se tornaram celebridades e escreveram um livro contando sua aventura. No ano seguinte eles voltaram ao mar com a nova embarcação Auralyn 2.

Veja os Interessantes Temas Deste Post Para Conversar Com Familiares e Amigos:

  • Senso de Sobrevivência: Maurice e Maralyn se adaptaram rapidamente à situação ao improvisar equipamentos de pesca e de coleta de água da chuva. Concluíram que trabalhando juntos aumentariam as chances de sobrevivência.
  • Companheirismo:  Os náufragos se apoiaram mutuamente durante todo o período em que aguardavam algum resgate. Sempre exercitaram paciência e tiveram boa atitude um com o outro.
  • Esperança: Apesar estarem à deriva há muito tempo, de ficarem dias sem ver nenhuma embarcação e as chances de resgate serem reduzidas, eles mantiveram a esperança que em algum dia alguém viria buscá-los. 
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