Neste Artigo: O Mais Impressionante Resgate Em Um Naufrágio e Temas Para Conversas com Familiares e Amigos
Sinopse
Harrison Okene trabalhava como cozinheiro de navio não fazia muito tempo. Um naufrágio ocorrido em 2013 o fez estar durante 60 horas debaixo d’água, sem comida nem água potável dentro de uma bolha de ar, há 30 metros de profundidade, distante 32 km da costa da Nigéria. Ele foi o único sobrevivente do desastre.
Oportunidade
O nigeriano Harrison Okene trabalhava como chefe de cozinha em um hotel em 2010. Aquele ano foi chamado de o ano do boom das petrolíferas na Nigéria, que abriu muitas oportunidades de emprego em plataformas de petróleo em alto-mar. Pensando primeiramente em dar melhores condições financeiras à sua família e mesmo sem nunca ter posto um pé em um navio, Harrison começou a considerar uma mudança na carreira profissional. As ofertas de emprego eram atraentes e pagavam melhores salários. Uma proposta em especial chamou sua atenção: ele trabalharia por duas semanas no mar e serviria 12 pessoas nesse período. Ele pensou ser uma excelente oportunidade pois era melhor que servir as centenas de clientes do hotel diariamente. Apesar de ser inexperiente no mar, ele conseguiu o emprego de cozinheiro no navio-rebocador Jascon 4.
O navio-rebocador é uma embarcação de pequeno porte que auxilia e conduz os grandes navios, inclusive petroleiros, em manobras no porto. Pode ter no máximo 15 tripulantes.

Fração de Segundo
No dia 26 de maio de 2013, Harrison acordou cedo para preparar o café-da-manhã da tripulação. Como habitualmente fazia, ele foi ao banheiro antes de começar os trabalhos do dia. Ao fechar a porta e sentar-se no vaso sanitário, o barco foi arremessado para a esquerda violentamente pelas ondas, fazendo uma guinada e virando de ponta-cabeça subitamente. No instante seguinte o navio se encontrava totalmente debaixo d’água e ele viu o vaso sanitário no teto, sobre sua cabeça. O barco afundava rapidamente e, junto com seu pânico, ele ouvia os gritos de socorro e choro dos colegas da tripulação. Depois dos estrondos da água borbulhante invadindo os ambientes da embarcação, fez-se um silêncio arrepiante.
Harrison encontrava-se numa bolha de ar de aproximadamente 1m20cm, em um banheiro escuro, com água fria até a cintura, a 30m de profundidade. Ele encontrou uma lanterna em um colete salva-vidas e nadou pelo barco, mas como não conseguiu achar uma saída, retornou à bolha de ar. Pouco tempo depois a lanterna apagou e Harrison ficou na escuridão total. A partir daí ele somente pensava na esposa, na mãe e cantava louvores.
Ele estimou que logo seria resgatado, mas dois dias se passaram sem comer ou beber e nada havia acontecido.


Encontro Inesperado
A empresa West African Adventures, proprietária do navio-rebocador, 60 horas após o naufrágio informou às famílias que não seria possível encontrar alguém vivo debaixo d’água e então contratou a empresa holandesa especializada em mergulho DCN Global para resgatar os corpos. Os três mergulhadores que foram enviados tiveram que ir em cápsula pressurizada e foram orientados por câmeras.
Ao escutar os mergulhadores quebrando as portas, Harrison, já desesperado e quase sem ar, começou primeiramente a bater nas paredes e depois nos canos para chamar a atenção. Quando viu a luz de uma lanterna, ele nadou seguindo seu reflexo até encontrar o mergulhador.
Nicolaas Van Heerden era o mergulhador que Harrison viu e tentou agarrar. Para Heerden foi a experiência mais apavorante de sua carreira: alguém o segurando a 30m de profundidade, em um barco naufragado sem luz. Quando ele se virou, Harrison segurou sua mão por um instante e então Heerden o seguiu de volta à bolha de ar na cabine.
Mas uma fase da saga ainda tinha que ser cumprida: o resgate.
Enfim, Resgatado
Nicolaas sabia que não poderia simplesmente levá-lo à tona, e que era preciso primeiramente descomprimi-lo. O nitrogênio sob alta pressão se acumula nos tecidos do organismo provocando um ataque cardíaco. O socorrista avisou a equipe na superfície que imediatamente enviou um equipamento de mergulho para Harrison. Após colocar o equipamento e receber instruções rápidas, ele estava pronto para sair. Ao chegarem na cápsula de descompressão, Harrison percebeu que era o único sobrevivente e começou a chorar. Ele passou mais três dias na câmara.
A notícia correu por todo o mundo e a esposa de Harrison desmaiou quando soube que ele estava vivo e bem. Ela precisou de cuidados no hospital, mas estava restabelecida e bem de saúde quando Harrison finalmente voltou para casa.

Novo Acidente, Nova Profissão
A vida profissional de Harrison Okene mudou radicalmente após um segundo acidente. Certo dia, ao passar sobre uma ponte, ele perdeu o controle do carro e caiu no rio. Ele e um amigo passageiro ficaram completamente debaixo d’água. Ele manteve a calma e sobreviveu e ainda resgatou o amigo. Esse evento o fez decidir tornar-se mergulhador profissional, mesmo tendo dito que nunca mais voltaria ao mar. Quando perguntado do porquê da decisão de voltar ao oceano numa nova profissão, ele declarou: “Continuo lá, pois sei que é onde devo estar. É o meu destino, é como Deus quis que fosse.”.
Veja os Interessantes Temas Deste Post Para Conversar Com Familiares e Amigos:
- Fé: Ao se encontrar nessa situação fora de seu controle, Harrison Okene recorreu à fé para ter esperança e suportar o momento crítico. Ao cantar louvores, ele passou a ter mais confiança que o final de sua história seria favorável.
- Paciência: Okene entendeu que não tinha outra opção a não ser esperar por um resgate. Essa conclusão o ajudou a ter mais paciência, mesmo sem saber quanto tempo isso levaria.
- Interesse pelos outros: A primeira reação de Harrison Okene ao deixar o barco e entrar na câmara de descompressão foi perguntar pelos outros tripulantes. Ele ficou tremendamente abalado com a notícia que eles não haviam sobrevivido.
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