Neste artigo: Sobrevivência Em Condições Extremas No Deserto e Temas Para Conversas com Familiares e Amigos
Sinopse
Ricky Megee, um australiano comum, recebeu uma proposta de emprego em uma cidade distante. Ele partiu em viagem de carro, atravessando o deserto. De repente, não se teve mais notícias dele. Encontram-no magérrimo e semimorto após 71 dias. Megee sobreviveu comendo pequenos animais, plantas e bebendo água da chuva. Devido às suas versões confusas e contraditórias, nunca ficou esclarecido o que aconteceu.
Uma Vida Difícil e Instável
Nascido em 1971 na cidade de Gippsland, Megee logo mudou para Melbourne, onde passou a infância e adolescência. Tinha vários problemas familiares, o que o fazia preferir estar fora de casa o máximo de tempo possível. Passava dias à procura de trabalho, e quando tinha uma oportunidade não conseguia se firmar e era logo demitido. Ele trabalhou de vendedor de tapetes, porteiro de boate, pescador e eletricista e até perdeu um emprego no governo. Megee também se envolveu em brigas e drogas, sendo preso por algumas vezes.
Uma Esperança
Megee, apesar de todas as dificuldades, continuava a buscar trabalho para poder se sustentar. Em janeiro de 2006 ele postulou e foi aceito para preencher uma vaga de emprego no Porto de Hedland, um dos maiores portos especializados em minério do mundo, localizado no estado da Austrália Ocidental. Era muito longe, mas ele pensou que talvez seria um novo recomeço, deixando para trás Melbourne e tudo o que o fazia lembrar de seu passado conturbado. De pronto ele aceitou a oportunidade e prometeu apresentar-se para trabalhar no dia combinado. Esse era seu plano.
O longo trajeto de 3750 km começava em Melbourne, no sul da província de Vitória, cruzando completamente o território da Austrália Meridional, entrando no Território Norte até a cidade de Darwin, no extremo norte do país. Grande parte da viagem se dá atravessando os desertos áridos da Austrália. Era possível fazer a viagem de avião, mas Ricky não tinha dinheiro para isso. Então ele decidiu enfrentar o trajeto em seu carro Mitsubishi Challenger ano 2001.
Uma Versão…
Ricky Megee nunca foi preciso quando questionado sobre os eventos que o fizeram ficar perdido no deserto. Suas versões são por vezes confusas e contraditórias. Aos socorristas, ele foi enfático em afirmar que seu carro havia quebrado. Segundo este relato, em pleno deserto seu carro simplesmente parou de funcionar. Sem suprimentos, Ricky se viu com a única opção de vagar pelo deserto para encontrar socorro. Ao ser perguntado se poderia indicar a região onde o carro teria quebrado, Ricky disse que não se lembrava.
… E Mais Versões
Pouco tempo depois ele mudou sua versão. Ele agora afirmava que teria dado uma carona a um alborígene que caminhava no deserto entre as cidades de Kalkaringi e Halls Creek. Megee afirmou que seu carona havia colocado droga em sua bebida. Logo após ficar inconsciente, o nativo o teria deixado na estrada e fugido com seu carro. Quando questionado como isso ocorrera, ele disse que havia permitido que seu passageiro pegasse umas bebidas para eles na geladeira do carro e, segundo ele, esse foi o momento que a droga foi colocada em sua bebida. Ele também não soube explicar porque isso ocorrera numa região que estava fora do trajeto de sua viagem.
Ricky Megee mudou a versão do caso mais uma vez. Ele passou então a dizer que parou para ajudar três homens que estavam sem gasolina no caminho. Eles o teriam atacado e imobilizado. Ricky não soube dizer como e em qual momento um deles usou uma seringa e injetou uma droga no seu braço. Segundo Ricky, ele acordou horas depois em uma espécie de acampamento. Um dos homens lhe ofereceu água e Ricky teria perdido a consciência logo depois de bebê-la. Ele teria acordado em um buraco, sentindo dores nas costas e nas pernas, cercado por dingos.
Dingo é uma espécie de cão selvagem, nativo dos desertos da Austrália. Anda em bandos e se alimenta de roedores e répteis. Domesticá-lo é uma tarefa difícil. Os únicos incidentes com humanos aconteceram em acampamentos, nos quais os dingos atacaram humanos em busca de comida.
Andarilho Sem Rumo
A caminhada ao acaso de Ricky Megee no Deserto de Tanami foi debaixo do calor escaldante de 45 graus durante o dia e frio a zero grau à noite. Ele utilizava de arbustos para se proteger do sol e procurava buracos para enfrentar o frio noturno. Nos primeiros dias, Ricky preferia subir em elevações para tentar ver alguém que estivesse passando em viagem também e assim ele seria resgatado.
Segundo Ricky, ele frequentemente desmaiava devido ao calor intenso do deserto, que assim o deixava exposto e vulnerável a ataques de animais. Ele relatou que as perdas de consciência não eram prolongadas e ele logo se restabelecia.
Megee comia desde insetos, formigas, sanguessugas e plantas. Quando encontrava um lagarto, ele primeiramente o matava com um golpe e então o espetava, deixando-o secar no sol intenso durante aproximadamente duas horas antes de comê-lo. Ricky seguia as poucas nuvens de chuva que apareciam no horizonte e conseguia beber de algumas pequenas poças de água que encontrou no caminho. Certa feita, quando encontrou uma barragem sazonal, que é um acúmulo de água da última chuva, lá ficou por quatro dias, até secar. Quando a água faltava, Ricky bebia de sua própria urina.
O momento mais tenso aconteceu quando ele começou a sentir uma dor de dente. Para ele, a dor se alastrava e ficava mais intensa à noite. Quando percebeu que o abscesso estava inchado e purulento, Ricky decidiu arrancá-lo, às pancadas, com as chaves do carro.
“Esqueleto Ambulante”
No dia 5 de abril de 2006, funcionários da Estação Birrindudu, uma espécie de fazenda isolada de criação de gado e caprinos, encontraram Ricky Megee caído, com fome, extremamente fraco e desidratado. Sua pele estava literalmente queimada pelo sol. Eles o descreveram como “esqueleto ambulante”, pois Ricky, que começou a viagem com 100 kg, agora estava pesando pouco mais de 45 kg . Chamaram às pressas uma ambulância aérea de resgate a qual levou Ricky Megee ao Hospital Royal da cidade de Darwin, em estado crítico.
Uma vez que Megee havia relatado que o carro tinha sido roubado, a polícia abriu uma investigação, mas não encontrou o veiculo nem chegou a nenhuma conclusão. O caso foi tratado como acidente.
Ricky Megee ficou internado para cuidados e liberado seis dias depois. Anos depois ele escreveu um livro e passou a conceder muitas entrevistas contando sua história.
Veja os Interessantes Temas Deste Post Para Conversar Com Familiares e Amigos:
- Esperança: Apesar da situação, Ricky Megee não se deixou abater. Perdido em pleno deserto, ele subia nos rochedos e partes mais altas esperando ver alguém que passava para ser socorrido.
- Resiliência: Mesmo tendo dificuldades em manter-se empregado, Megee sempre procurou trabalhar para sustentar-se, pois não queria depender de algum familiar.
- Coragem: Retirar à pancadas um dente inflamado requereu coragem de Ricky Megee, uma vez que se havia risco de ter uma infecção.
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