Sinopse
Em um dos ataques mais ousados da Segunda Guerra Mundial, doze homens tinham que remar 97 km de canoa para explodir navios alemães na França ocupada. Enfrentaram mares revoltos, sentinelas inimigas, traição e uma fuga terrível a pé. Do grupo, somente dois homens retornaram.
Região Problemática Para os Aliados
O porto de Bordeaux era frequentado por navios mercantes que transportavam toneladas de matérias-primas como borracha bruta e alimentos e havia se tornado uma base de abastecimento importante para o exército alemão na guerra. Os alemães também usavam o porto como base estratégica de submarinos.
Um Plano Ousado
A princípio os Aliados planejaram um bombardeamento aéreo direto no porto. Esse plano foi logo descartado devido ao grande número de vítimas civis que poderia causar em um país aliado.
Devido à sua geografia atípica sem acesso direto ao mar, nenhum outro tipo de ataque poderia ser feito a não ser por pequenas equipes em conjunto fazendo uma investida simultânea após subir pelo rio Gironde.
A finalidade da missão era explodir minas nos navios estacionados e assim bloquear o porto com os escombros para depois escaparem por terra. A ideia parecia simples, mas sua aplicação era muito complexa pois essa era uma das regiões mais estratégicas para os alemães na guerra e portanto muito bem guardada.

Cascas de Nozes
Subir o rio Gironde sem ser notada foi o primeiro problema enfrentado pela equipe. Eles sabiam que deveriam ir à noite para não chamar a atenção dos sentinelas e passar o dia escondido em território inimigo. O uso de motores os acusariam imediatamente. Decidiram por canoas. Eles não se deixaram abater pela longa distância de 97km que era necessária cobrir, a remo, para chegar no porto.
Os doze homens escolhidos passaram por um treinamento exaustivo de guerra por vários meses antes de finalmente partirem para a missão. Eles aprenderam primeiramente como remar à noite, camuflagem, como armar e implantar as minas magnéticas nos navios e como fugirem pela região. Seus nomes e equipes foram: Major Hasler e Marine Sparks – canoa “Catfish”, Corporal Laver e Marine Mills – canoa “Crayfish”, Corporal Sheard e Marine Moffatt – canoa “Conger”, Tenente MacKinnon e Marine Conway – canoa “Cuttlefish”, Sargento Wallace e Marine Ewart – “Coalfish” e Marines Ellery e Fisher – canoa “Cachalot”.
As canoas que foram chamadas de “Cascas de Noz” eram dobráveis e tinham 4,6m de comprimento feitas de lona, parecidas com caiaques. Foram projetadas para levar 2 homens cada e continham rações e água para 6 dias e material de camuflagem, granadas, pistolas e facas além de 8 minas cada.
O codinome da missão de guerra era Operação Frankton. Na noite de 7 de dezembro de 1942 o submarino HM-Tuna levou os 12 homens até a 16km do estuário do Gironde, onde desembarcaram. Uma das canoas chamada Cachalot foi seriamente danificada durante o desembarque e os militares que iriam ocupá-la, Fisher e Ellery, imediatemente começaram a chorar de decepção pois tinham que abandonar a missão. Agora restavam apenas 5 canoas.

Em Zona Inimiga
Ao acessarem o rio eles logo perceberam quão violenta estava a correnteza. Ondas de 1,5m arremessaram contra as canoas. As canoas Conger e Cuttlefish afundaram e seus tripulantes tiveram então que começarem a nadar até terra firme.
A missão contava agora com seis comandos e três canoas. Depois que eles evitaram o posto alemão de controle nessa noite eles remaram 32 km durante 5 horas desmontando as canoas em Saint-Vivien-de-Médoc. Perto do farol Point de Grave a polícia alemã descobriu e prendeu Sargento Wallace e Marine Ewart, da canoa Coalfish.
Agora a Operação Frankton tinha somente 2 canoas, muitos quilômetros ainda para cobrir e uma vigilância intensificada por parte do exército alemão, pois sabiam agora que uma missão dos Aliados estavam andamento na região.
Os comandos fizeram um ótimo trabalho de remo e camuflagem nos dois dias seguintes pois os alemães não os detectaram e agora eles estavam em posição de ataque. Como a intensa maré poderia atrapalhar a investida final, o Major Hasler decidiu ficarem escondidos por mais um dia. O ataque aconteceria na noite de 11 para 12 de dezembro.
Às 21h do dia 11 eles remaram por uma hora nas águas calmas do rio até alcançar o porto. Tudo estava pronto.
Oito Minutos
Eles chegaram sorrateiramente aos navios. Hasler e Sparks estavam no lado oeste e Laver et Mills haviam chegado aos navios mercantes atracados no lado sul. Cada equipe plantou duas minas magnéticas em cada um dos quatro navios encontrados. Em um depoimento depois, Hasler disse que um sentinela no convés desconfiou do movimento e usou sua lanterna para ver melhor na escuridão. O feixe de luz foi direto sobre a canoa, mas ela estava bem camuflada e eles ficaram imóveis até o guarda ir embora.
Houve um silêncio mortal de oito minutos ao fim dos quais uma sequência de estrondos, explosões e saraivada fogo queimaram os navios e iluminaram o porto.
A Fuga
Agora todos os alemães da região estavam à procura deles. Os homens se encontraram rapidamente na ilha de Cazeau, conforme o plano inicial e de lá continuaram rio abaixo até Saint-Genès-de-Blaye onde chegaram no amanhecer. Lá eles afundaram as canoas.
Seguir para o norte fez a diferença para os militares pois os alemães instintivamente rumaram para o sul, supondo que os aliados tomariam o caminho mais curto para alcançar a Espanha.
Dali pra frente os homens deveriam seguir a pé, cada um por si. Com o mapa da região na memória, Laver e Mills foram para Montlieu-la-Garde e lá a polícia francesa os capturou e os entregou aos alemães. Hasler e Sparks rumaram a Ruffec, há mais de 160km de distância e lá chegaram no dia 18 de dezembro. Fizeram contato com a Resistência Francesa que os escondeu durante 18 dias numa fazenda e depois os encaminhou à Espanha. Em 23 de fevereiro de 1943 em Gibraltar, Hasler enviou mensagem à Inglaterra e voltou para casa de avião em 2 de março. Sparks foi a navio algum tempo depois.
Destino Dos Companheiros
Os militares da canoa Conger, Corporal Sheard e Marine Moffatt, chegaram à terra firme, mas ficaram muito tempo em águas geladas e morreram de hiportemia.
A Gestapo fuzilou o sargento Samuel Wallace e o marine Jock Ewart (canoa Coalfish), Tenente MacKinnon e Marine Conway (canoa Cuttlefish) e Corporal Laver e Marine Mills (canoa Crayfish).

Reconhecimento
Como resultado da Operacão Frankton, um navio de guerra afundou e outros cinco ficaram seriamente danificados. Após o ataque o porto de Bordeaux foi cada vez menos utilisado pelos alemães.
Winston Churchill, Primeiro Ministro Britânico, estimou que a missão Frankton encurtou a guerra em seis meses e reconheceu: “[Foi] o ataque mais corajoso e imaginativo já realizado pelos homens das Operações forças conjuntas.”