Cruzando o Mundo em Fuga

Gunther Pluschow

Neste artigo: Um Alemão Destemido e Temas Para Conversas com Familiares e Amigos

 

Sinopse

Gunther Plüschow foi um aviador alemão e também explorador. Apesar de na Primeira Guerra Mundial ele ter sido reconhecido como um piloto ousado e habilidoso, seu feito mais notável foi ser o único prisioneiro a conseguir audaciosamente escapar da prisão britânica Donington Hall e, disfarçado, voltar à Alemanha.

Ao Extremo Oriente

Plüschow completou os estudos na Escola da Marinha Imperial Alemã pouco antes de ser enviado, em 1912, para servir como piloto de reconhecimento e observação na cidade de Tsingtao, na província de Shandong, China. A cidade portuária tinha a base militar e era também uma colônia alemã em território chinês. O avião que Gunther utilizava era o Taube, o primeiro monomotor produzido em massa pela Alemanha que depois o utilizou como caça militar.

Gunther Pluschow a bordo do avião Tsingtao 1313
Gunther Plüschow a bordo do avião Tsingtao 1313

Combates e Fuga

Em agosto de 1914 o Japão declarou guerra contra a Alemanha. Como resultado, um clima de tensão tomou conta de Tsingtao que, por ser a colônia alemã mais perto do Japão, sabia que seria a primeira cidade a sofrer retaliações. Um grande cerco nipo-britânico sitiou a cidade. A Frota Imperial Japonesa bloqueou todo o litoral enquanto tropas japonesas e britânicas entraram na cidade com intensos bombardeios. Em 6 de novembro ordenou-se a evacuação de todos alemães. A cidade estava arrasada.

Neste dia, o alemão Plüschow reuniu seus documentos e, secretamente, entrou no único avião Taube que ainda funcionava. Sua fuga foi em meio ao mau tempo e rajadas vindas dos soldados aliados que tardiamente perceberam o avião já em movimento de decolagem. Os tiros danificaram a aeronave mas mesmo assim Plüschow viajou ainda 200 quilômetros até ser obrigado a aterrissar para tentar reparar o equipamento. Como não conseguiu consertar o avião, o alemão o incendiou e partiu com intenção de chegar a Xangai, há mais de 400 quilômetros de distância. Para alcançar a cidade, ele utilizou as mais variadas formas de transporte: a pé, trem e barcos.

Gunther Plüschow e seu avião
Gunther Plüschow e seu avião

Um Golpe de Sorte

Uma vez em Xangai, ele sabia que precisava sair da China para fugir da caça dos japoneses e britânicos. Poucos dias após chegar, Plüschow inesperadamente encontrou a filha de um diplomata suíço que conheceu na Alemanha. Ele imediatamente explicou sua situação e pediu ajuda. Ela disse que ele estava sendo procurado pelos britânicos e até tinha o apelido de “Piloto de Tsingtao”. Ela providenciou dinheiro, uma passagem para os Estados Unidos e um passaporte suíço falso. De agora em diante, Plüschow atendia pelo nome de Ernst Smith.

A Captura

O aviador alemão não ficou muito tempo em São Francisco. Era início de janeiro de 1915 e ele começou a longa viagem que duraria quase um mês cruzando o país rumo a Nova York, pois ele tinha a intenção de retornar à Alemanha. No dia 30 de janeiro Gunther Plüschow partiu em um navio para a Itália. Durante a viagem ele aproveitou para ler mais sobre a Terra do Fogo, na Patagônia argentina, um lugar que ele sempre quis conhecer. Tudo transcorria bem até o mau tempo exigir que a embarcação parasse em Gibraltar, território da Grã-Bretanha. Um grupo de agentes britânicos, em uma ronda de rotina, reconheceu o Piloto de Tsingtao e o capturou. Gunther Plüschow ficou detido até ser enviado, em maio de 1915, à Donington Hall, Inglaterra.

Na Tempestade

Era início do mês de julho de 1915 e Gunther Plüschow, preso, já tinha um plano para escapar de Donington Hall. Ele e o prisioneiro Oskar Treppitz primeiramente identificaram um ponto fraco da segurança, que era um estreito setor mal iluminado e com pouca vigilância perto da cerca de proteção. Concordaram que seria por lá que escapariam e depois seguiriam para Derby, há aproximadamente 25 quilômetros de distância. O momento propício chegou então numa forte tempestade na noite do dia 4. Eles evitaram os seguranças, se arrastaram pelo pátio, cortaram a cerca e sumiram na escuridão.

Scotlan Yard anuncia a fuga de Pluschow
Scotland Yard anuncia a fuga de Plüschow e Treppitz

Os fugitivos se separaram depois que souberam do alerta de busca emitido pela Scotland Yard. Oskar foi apreendido ao passo que Gunther conseguiu pegar um trem e chegar a Londres. De lá ele teve que se disfarçar de funcionário da empresa de navegação para pegar um navio para a Holanda, que era um país neutro na guerra. No País Baixo ele seguiu sem grandes problemas a seu país. Gunther Plüschow casou-se e publicou um livro sobre sua grande aventura. Teve grande sucesso de vendas.

Mapa indicando o trajeto de Gunther até a Terra do Fogo, em 1927. No Brasil, ele desembarcou na Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Blumenau e Porto Alegre.
Mapa indicando o trajeto de Gunther até a Terra do Fogo, em 1927. No Brasil, ele desembarcou na Bahia, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Curitiba, em Blumenau e em Porto Alegre.

Pós-guerra, Indo à Argentina Passando Pelo Brasil

Com o fim do Grande Conflito, Gunther Plüschow deixou as Forças Armadas e então começou a trabalhar no correio alemão. Ele estava desiludido com sua situação pois seu país estava caótico, sem nenhuma perspectiva de mudança. Assim, lembrando de seu desejo de conhecer a Patagônia, ele lançou ao editor de seu livro a ideia de viajar ao Chile para escrever uma nova obra, pedindo que ele financiasse a empreitada.

Pluschow em sua passagem pelo Brasil em 1927.
Plüschow em sua passagem pelo Brasil em 1927.

Uma vez aprovado o pedido, em 1925, ele então viajou de navio à Terra do Fogo chilena e, com uma câmera, fez uma grande exploração que lhe rendeu o livro “Viaje al país de las maravillas”. O sucesso desse livro o ajudou a financiar a viagem de 1927, agora para a Patagônia argentina. Ele documentou tudo por onde passou, inclusive as escalas no Rio de Janeiro, Buenos Aires e Estreito de Magalhães.

Entre idas e vindas à Alemanha para publicação de livros das suas aventuras, ele teve apoio do amigo Ernst Dreblow que chegou a levar um hidroavião desmontado na embarcação para ser montado na Patagônia e assim sobrevoar e documentar a região. Com isso, os dois foram os primeiros exploradores da Cordilheira Darwin, Cabo Horn e Ushuaia e ajudaram a estruturar o serviço de correio na região.

Gunther Plüschow na Patagônia
Gunther Plüschow na Patagônia

Em uma de suas explorações para registrar a natureza da Terra do Fogo, Gunther Plüschow viu a asa de seu avião inesperadamente quebrar em pleno voo e ao saltar, seu paraquedas não abriu. Ele faleceu em 28 de janeiro de 1931.

Gunther Plüschow é homenageado até hoje como herói da Força Aérea argentina. Ele tem um monumento com seu nome na geleira Punta Arenas.

Veja os Interessantes Temas Deste Post Para Conversar Com Familiares e Amigos:

  • Coragem: Gunther Plüschow usou tudo que tinha em mãos para conseguir se desbaratar de seus inimigos, desde fugir no único avião em funcionamento na base alemã na China até se disfarçar de funcionário da companhia de viagens.
  • Sorte: Encontrar a filha de um diplomata que conhecia em plena Xangai seria algo difícil de acontecer e ela ainda aceitar a ajudá-lo com documento falso, passagem e dinheiro foi ainda mais raro.
  • Buscar o Sonho: O alemão Gunther Plüschow sempre alimentou a vontade de partir para o Sul e explorar a Terra do Fogo. Quando ele viu que tinha alguma possibilidade de realizar o sonho, dedicou-se a alcançá-lo.

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