Enclausurado em Beirute

Neste Artigo: A Adaptação Mental Para Sobreviver e Temas Para Conversas com Familiares e Amigos

Sinopse 

Em 16 de março de 1985, Terry Anderson, um jornalista americano, estava no fim de uma partida de tênis na cidade de Beirute quando foi raptado por militantes do grupo extremista xiita Hezbollah. Os seis anos seguintes foram de tratamento degradante como acorrentamento em camas e constantes mudanças de cativeiro. Sua atitude mental e suas decisões corajosas frente à situação fizeram toda diferença em sua libertação.

Correspondente Internacional

Natural de Ohio, Anderson nasceu em 20 de outubro de 1947. Viveu a infância e juventude em Nova York. Após se formar em jornalismo, ele serviu como jornalista de combate no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos em missões no Vietnã. Em 1974, após deixar as Forças Armadas, a Associated Press o contratou para ser correspondente na Ásia e África antes de trabalhar em Beirute, no Líbano.

Uma nação esfacelada

O conflito interno no Líbano já havia completado 10 anos em 1985. Beirute ouvia quotidianamente notícias de sequestros, tiroteios e carros-bomba nos confrontos entre grupos cristãos e muçulmanos. Uma força internacional foi estabelecida na capital para promover a paz, mas sua presença fez os grupos ficarem cada vez mais rebeldes a ponto de agora atacarem os militares estrangeiros. Essa força internacional de paz retirou-se do Líbano após o grupo Jihad Islâmica do Irã assumir a autoria da explosão de dois caminhões-bomba que tirou a vida de 299 soldados.  Sem resistência, a Jihad Islâmica do Líbano passou a perseguir e sequestrar os ocidentais com o fim de retaliar o apoio dos Estados Unidos a Israel e como moeda de troca para libertação de seus membros presos em outros países. Esse grupo foi o precursor do Hezbollah.

O Alvo

O jornalista Terry Anderson era muito conhecido e estava à frente do escritório da Associated Press em Beirute. Em 1985 sua esposa Madeleine Bassil estava grávida de seis meses.

Quando perguntado sobre o que aconteceu antes de ser sequestrado, Anderson somente se lembra de ter visto um carro que tinha dado algumas voltas ao redor da quadra onde jogava tênis com seu colega fotógrafo profissional Don Mell, mas ele ignorou esse movimento.

Terminada a partida, Anderson levou Mell ao seu apartamento. Antes de sair com o seu carro com o fim de seguir para sua casa, a mesma Mercedes verde que havia circulado na região da quadra de tênis parou ao lado e três homens barbudos saltaram apontando pistolas para os dois. Mell ficou congelado com as mãos para o alto e antes que pudesse entender o que acontecia, Anderson foi arrancado de seu carro e jogado dentro da Mercedes, que partiu em alta velocidade. Começava ali o drama de um cativeiro de seis anos para Terry Anderson.

A guerra civil destruiu o Líbano. Foto de Beirute em 1985.
Foto de Beirute em 1985.

Chegada ao Cativeiro

No carro, ele ficou em uma posição desconfortável no banco de trás com a cabeça entre os bancos da frente. Um dos homens, o mesmo que o cobriu com um cobertor, disse: “Essa é uma ação política. Fique quieto!”. Anderson ouvia o barulho do motor enquanto o carro o jogava de um lado a outro quando o motorista fazia as curvas. Instantes depois ele foi arremessado em um pequeno quarto escuro no porão. Logo em seguida os homens o vendaram e o acorrentaram na cama.

Atitude Resiliente

Terry Anderson precisava de uma estratégia mental a fim de lidar com aquela situação. Primeiramente ele parou de pensar em outros sequestrados americanos que não se tinha notícia, tais como padre Lawrence Martin Jenco, que havia desaparecido há dois meses, o reverendo Benjamin Weir, raptado há dez meses e William Buckley, por um ano. Daquele momento e durante os seis anos seguintes ele decidiu viver o momento, hora a hora, sem se lembrar do que havia passado e sobretudo sem fazer planos para o futuro. Ele considerou que essa atitude por certo o manteria proativo e menos estressado. 

Reviravolta

Os sequestradores passaram a agredi-lo com frequência e também o aterrorizavam psicologicamente, deixando-o na completa escuridão durante meses. Durante três anos consecutivos, Anderson viu o sol somente uma vez.

Certa feita, após ter recebido uma surra violenta, Anderson se levantou, encarou seus três sequestradores e gritou a plenos pulmões: “Vocês não podem fazer isso comigo! Eu não sou um animal!”. Seus opressores ficaram surpresos a ponto de darem um passo atrás. Um deles ficou na porta, enquanto surpreendentemente os outros dois passaram a perguntar o que Anderson queria. “Eu quero uma Bíblia”, respondeu. 

Algum tempo depois eles lhe deram uma Bíblia nova e o transferiram a um cativeiro maior. Para a surpresa de Anderson eles também deram um rádio e passaram a dar revistas como Newsweek, The Economist e Time.

Terry Anderson e sua filha em 1992
Terry Anderson e sua filha em 1992

Livre!

Era 4 de dezembro de 1991 quando os sequestradores entraram no quarto e anunciaram o fim do cativeiro. Deram a Terry roupas e falaram para estar pronto para sair. Atônito, ele pegou o rádio e ouviu notícias sobre sua libertação iminente. Ainda confuso, levou mais do que o tempo normal para se vestir. Conduzido para o carro, Anderson logo encontraria sua esposa e a filha de seis anos pela primeira vez.

Acredita-se que a soltura de Terry Anderson teve ligações com a invasão do Kuwait em 1990 pelo ditador Saddam Hussein. Nesse ínterim, após várias negociações, a Jihad Islâmica libertou mais de uma dezena de presos. Agora eles não precisavam mais de seus reféns como moeda de troca. Ele foi o último de uma lista de 12 reféns americanos a alcançar a liberdade.

Terry Anderson faleceu dia 21 de abril de 2024, aos 76 anos, em sua casa em Greenwood Lake, Nova York.

Veja os Interessantes Temas Deste Post Para Conversar Com Familiares e Amigos:

  • Autocontrole: Terry Anderson fez um plano mental para organizar suas emoções e evitar reações impulsivas num ambiente hostil e imprevisível. Seu objetivo era sempre que possível manter a resistência mental, sanidade e calma em cada situação vivida no cativeiro.
  • : Anderson precisava de esperança e a buscou na fé. Ele entendia que a alcançaria ao ter acesso à Bíblia. Seu comportamento e confiança mudaram dali em diante, ficando mais sereno e ponderado.

  • Adaptação: Sem nenhum indício de quando sairia do cativeiro, Terry Anderson teve que adaptar-se a um ambiente apertado, desconfortável e escuro por um tempo prolongado. As circunstâncias do cativeiro tais como ameaças e agressões também o fez ajustar seu comportamento e mentalidade.

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