Líder Incansável

Neste artigo: Um Capitão no Terremoto e Temas Para Conversas com Familiares e Amigos

 

Sinopse 

O navio Transatlântico Imperatriz da Austrália, atracado no porto de Yokohama, tinha uma partida agendada para a noite do dia 1° de setembro de 1923. Seu capitão Samuel Robinson estava fazendo verificações matinais de rotina. Perto do meio-dia, o maior terremoto da história do Japão sacudiu o país. Foram 4 minutos e mais de 100 mil mortos contabilizados. Robinson utilizou seu grande navio para acolher mais de 3 mil pessoas que fugiam dos outros 57 tremores secundários e incêndios na cidade.
Propaganda de época da Canadian Pacific
Propaganda de época da Canadian Pacific

Um Veterano No Comando

O capitão Samuel Robinson era um comandante experiente em grandes navios de cruzeiro. Nascido em 1870 na Inglaterra, desde cedo estava ligado ao transporte marítimo. Em 1895, aos 14 anos, ele já trabalhava como aprendiz na Empresa Canadian Pacific.
O conglomerado Canadian Pacific era uma rede de transporte entre a Europa e o Extremo Oriente. Ao desembarcar em portos nos Estados Unidos ou Canadá, os passageiros seguiam por trens até o porto de Vancouver. De lá continuavam viagem em navios luxuosos rumo à China e ao Japão. Uma viagem regular demorava meses para chegar ao destino. 
A empresa sempre batizava suas embarcações com o nome “Imperatriz”. Robinson foi capitão de seis navios, chamados Imperatriz do Japão, da China, da Ásia, da Rússia, da Austrália e do Canadá. Em 1914 ele se tornou célebre e altamente respeitado quando fez o trajeto Yokohama-Victoria, no Canadá, em 9 dias, 2 horas e 44 minutos, o mais rápido até então.
Capitão Samuel Robinson em foto de 1913 no Imperatriz da Ásia
Capitão Samuel Robinson em foto de 1913 no Imperatriz da Ásia

Inferno

O Japão está sobre quatro grandes placas tectônicas: a das Filipinas, a Continental da Eurásia, a do Pacífico e a Norte Americana. A imensa pressão entre duas delas, as placas das Filipinas e a da Continental da Eurásia, resultou em 1° de setembro de 1923 um devastador terremoto de grau 7,9 na escala Richter. O epicentro do terremoto estava localizado na cidade de Kanto, que fica no leste do país.
Os tremores de terra sempre foram comuns e até esperados na região, mas a população não estava preparada para um terremoto tão violento e intenso. Daí o grande número de vítimas. Quando o tremor principal terminou, seguiu-se tsunamis com ondas de mais de 10 metros de altura, arrasando tudo por onde passava. Muitos imóveis, em sua maioria de madeira, foram devastados com um sem-número de pessoas desaparecidas. 
Logo após um grande incêndio tomou conta dos destroços. Milhares fugiram dos redemoinhos de fogo que se seguiram e varriam a cidade. Para fugir das chamas, muitos mergulharam no rio, mas se afogaram. A cidade estava devastada e seus cidadãos desesperados sem saber como fugir da catástrofe.
Navio Imperatriz da Australia no porto de Yokohama apos o terremoto.
Navio Imperatriz da Austrália no porto de Yokohama após o terremoto.

No Porto

Diante desse cenário em terra, o capitão Samuel Robinson viu que vários navios estavam em chamas devido ao petróleo derramado na água e muitas pessoas estavam encurraladas fugindo do fogo no porto. Assumindo a posição de líder, ele deu ordens à tripulação e passageiros para que abrissem os registros de água das mangueiras e apagassem as brasas que caíam no navio e, ao mesmo tempo, jogassem cordas e baixassem escadas para resgate. Como o fogo ameaçava a integridade da embarcação, ele começou então a movimentar o navio para uma posição mais segura. Nesse momento, um outro navio, o Lisbon Maru, foi arremessado pelas ondas e chocou-se violentamente com seu navio. Robinson constatou que um cabo prendia sua hélice, impedindo de ir muito além. 
Dali e durante toda a noite, o capitão coordenou a operação de enviar equipes em pequenos barcos para resgate dos sobreviventes. Ele também organizou a chegada dos refugiados e os primeiros socorros. 
Militares japoneses e canadenses se juntaram e conseguiram soltar o cabo preso na hélice. No entanto o capitão Robinson não decidiu partir, mas permanecer com o Imperatriz da Austrália ainda 12 dias no porto. Essa decisão permitiu resgatar mais de 3 mil refugiados e levá-los em segurança à cidade de Kobe.
Aposentadoria do capitão Samuel Robinson destaque do jornal Toronto Globe, de 4 de abril de 1932
Aposentadoria do capitão Samuel Robinson destaque do jornal Toronto Globe, de 4 de abril de 1932

Honrarias

Em reconhecimento à sua condução no salvamento e resgate, o capitão Samuel Robinson recebeu várias honrarias. Ele foi nomeado Cavaleiro Comandante da Ordem do Império Britânico, recebeu a Ordem do Crisântemo do Japão e a Medalha de Prata da Ordem St John de Jerusalém, entre outras honras. O capitão Samuel Robinson aposentou-se após servir 48 anos no mar, em 1932.
Posteriormente o navio Imperatriz da Austrália foi usado como navio de transporte de tropas e desmontado em 1952. Nele havia uma placa de bronze que os sobreviventes dedicaram ao capitão por ter salvado suas vidas. Nesse mesmo ano essa placa foi entregue a Samuel Robinson em uma cerimônia especial de agradecimento em Vancouver, Canadá.

Veja Temas Deste Post Sobre os Quais Falar Com Familiares e Amigos:

  • Sangue-Frio: O capitão Samuel Robinson teve extrema calma e conseguiu organizar as ideias sobre o que fazer mesmo diante de uma destruição sem precedentes e uma população desesperada. Sua atitude serena deu segurança à tripulação e apoiadores para cumprir suas ordens.
  • Liderança: Robinson literalmente tomou a frente dos esforços para tirar as pessoas da cidade em chamas. Ele determinou o que cada grupo faria, desde organização do espaço, quem iria nos botes salva-vidas e como as pessoas resgatadas seriam encaminhadas ao chegarem no navio.
  • Altruísmo: No dia seguinte ao tremor , o capitão Samuel Robinson já tinha condições de partir de Yokohama, mas decidiu permanecer mais 12 dias no porto com o fim de receber o máximo possível de pessoas no navio. Somente quando a embarcação ficou superlotada, com mais de 3 mil pessoas, ele então decidiu levá-las à cidade de Kobe.
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Gunther Pluschow

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