Neste Artigo: Um Grande Incidente Diplomático e Temas Para Conversas com Familiares e Amigos
Sinopse
A artilharia soviética abateu o avião de Gary Powers durante uma missão de espionagem sobre o território russo. Ele ejetou e sobreviveu. Sua missão pertencia a um programa secreto que o Presidente Eisenhower sempre negou existir. Após sua captura os Estados Unidos experimentaram um grande constrangimento internacional e teve que confessar, mesmo que indiretamente, que fazia espionagem contra seu grande inimigo. Para as autoridades americanas melhor seria que não houvesse um sobrevivente na missão.
Grand Slam
Enquanto os Estados Unidos estavam em plena preparação para a Cúpula de Paris, um encontro com a União Soviética para discutir a paz entre as superpotências e que começaria em 15 de maio, o governo foi avisado pela inteligência que haviam fortes indícios de que os soviéticos produziam mísseis de longo alcance em Sverdlovsk e Plesetsk e se fazia urgente confirmar, com imagens, essa informação. Então, no dia 1º de maio de 1960 o capitão Francis Gary Powers decolou no super avião U2 da base aérea militar em Peshawar, Paquistão, com a missão de fotografar essas bases de mísseis balísticos intercontinentais. Uma vez a missão cumprida ele deveria pousar em Bodoe, na Noruega. O nome da missão era Grand Slam.
O Espião e o U2
Gary Powers era um capitão da Aeronáutica dos Estados Unidos que entrou para a CIA devido ao seu vasto conhecimento e experiência com aviões a jato. Ele ingressou no programa U2 depois de seu desempenho no Conflito da Coréia em 1950.
O Lockheed U2 era o avião a jato usado para reconhecimento de áreas geográficas voando em altas altitudes (até 21 mil metros), permitindo vigilância
O capitão também levava consigo alguns equipamentos como tubo de oxigênio, pistola com silenciador, munição, mapa, bússola, 7000 rublos e uma moeda falsa com uma agulha envenenada para se matar caso fosse sobrevivente de uma queda e caísse em mãos inimigas.
A data de 1º de maio foi estrategicamente escolhida porque se tratava da Festa do Trabalho, então as atenções estariam voltadas para as celebrações em Moscou, mas mesmo assim o avião de Powers foi avistado e abatido com a nova artilharia antiaérea russa S-75 Dvina e o capitão ejetou-se sem conseguir explodir o avião, sendo capturados em seguida ele e a aeronave.
Pegos no Pulo
A NASA soube do desaparecimento do avião em território soviético e antecipou-se a divulgar uma nota informando que tinham perdido contato com um avião meteorológico que fazia experimentos muito perto da fronteira e no qual um problema no sistema de oxigênio da aeronave provavelmente faria com que o seu único piloto perdesse a consciência em pleno voo. Esse comunicado seria a justificativa de acidente se algum avião americano caísse em solo soviético, ou seja, sem intenção de invasão de território. Posteriormente soube-se que o governo americano fabricou essa versão, dada a certeza que as autoridades tinham que Powers não havia sobrevivido à queda em solo inimigo.
Ocorre que no dia 5 de maio o Secretário-Geral do Partido Comunista, Nikita Kruschev, anunciou que as forças soviéticas abateram um avião espião sobrevoando seu território.
Tensão e Versões
A notícia caiu como uma bomba no governo americano, que primeiramente insistiu e reforçou a versão do avião meteorológico. Kruschev, com ar triunfante, declarou no entanto no dia 7 que havia omitido a informação que havia um sobrevivente na queda, o piloto. Em um discurso colérico pôs em xeque a honestidade dos americanos e bradou que a União Soviética não participaria de nenhuma reunião de Paz até que os Estados Unidos elegessem um novo Presidente. Cancelou-se a Cúpula de Paris e o Presidente Eisenhower, que recusou-se a pedir desculpas, tentou minimizar o clima tenso declarando que o voo espião era um voo não autorizado. Dessa forma o Presidente admitiu que havia um programa permanente de espionagem. Como resultado, os Estados Unidos passaram por um grande embaraço e vexame internacional.
Na Rússia, o tribunal declarou Gary Powers culpado de espionagem e desse modo o condenou à sentença de três anos de prisão e sete anos de trabalhos forçados. Passado alguns meses, o governo americano começou uma negociação para trocar o sobrevivente por Rudolf Abel, um espião da KGB preso nos Estados Unidos. Após nove meses de cumprimento da pena, o capitão Powers foi trocado por Abel sobre a Ponte Glienicke, entre as cidades de Berlim e Potsdam.
O Retorno
De volta ao solo americano, o sobrevivente capitão Gary Powers foi primeiramente hostilizado por populares e depois pela imprensa. Nos inquéritos da CIA e do Senado ele afirmou que conhecia o procedimento de acionar o botão de autodestruição do avião antes de ejetar, mas por instinto de preservação ele clicou em ejetar primeiro. Ao fazer isso não deu tempo de apertar o outro botão e logo após o avião foi rodopiando até atingir o chão. Após esses longos processos, ele recebeu absolvição de todas acusações de covardia, irregularidades ou possível associação aos russos. O capitão Gary Powers se tornou piloto de testes da empresa Lockheed, a fabricante do U2.
Veja os Interessantes Temas Deste Post Para Conversar Com Familiares e Amigos:
- Qualificação: Gary Powers era um piloto extremamente bem habilitado e capacitado. Prova disso era seu histórico acadêmico exemplar e o intenso treinamento ao qual se submeteu para chegar a ser especialista em aviões a jato. Sua qualificação fez com que a CIA o chamasse a integrar seus quadros.
- Empenho: Powers era um patriota e leal aos Estados Unidos. Ele tinha um grande compromisso com os interesses de seu país e estava disposto a arriscar sua vida para executar suas missões.
- Autocontrole: Gary Powers teve que lidar com alto nível de estresse e pressão durante o tempo no qual esteve preso. Ele não tinha a menor ideia do que lhe aconteceria, mas manteve a sobriedade e calma mesmo diante da coação e dos interrogatórios constrangedores dos soviéticos.
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